Povo e governo se encontram novamente e, como de praxe, começam a se cobrar:
GOVERNO:
-Vou precisar de uma grana ($) para melhorar as coisas…
povo:
-Mas antes das eleições você prometeu que ia resolver todos problemas sem que ninguém precisasse pagar mais nada de impostos e taxas. No seu programa eleitoral estava escrito que a cobrança dos impostos do jeito que estava era injusta.
GOVERNO:
-É que os custos das coisas subiram… A tecnologia que é usada para melhorar os nossos serviços é cara e os cofres estão vazios.
povo:
-Mas o serviço que estou recebendo está cada dia pior. Para onde que vai toda a grana que é paga como tributo?
GOVERNO:
-Vai para o atendimento das necessidades de diversos setores da sociedade, manutenção do sistema, pagamento de despesas, etc…
povo:
-Sim! Mas e aquele escândalo do Alí-Babá e os quarenta ladrões? E aquela dinheirama toda?
GOVERNO:
-As investigações prosseguem e os culpados serão punidos. Nunca antes neste País se investigou tanto como agora. Se esses escândalos surgem é porque já estavam sendo averiguados pela polícia.
povo:
-Se já está evidente que os larápios cometeram crime, por-que ainda não estão presos?
GOVERNO:
-Neste país, todo suspeito têm direito a um devido processo legal e ampla defesa.
povo:
-Mas esse processo não avança…
GOVERNO:
-A Justiça do nosso País ainda é morosa pois tem uma agenda muito cheia. O transcorrer do devido processo legal têm de ser aguardado.
povo:
-Só que a Justiça agora está em greve juntamente com muitos outros setores que prestam serviço público. Alguns até, de importância estratégica tão acentuada que, qualquer tipo de paralisação seja qual for a finalidade, é proibida por Lei.
GOVERNO:
-São paralisações pontuais que logo serão resolvidas. Não podemos esquecer que o direito de greve é assegurado por Lei. Tratemos agora da sua contribuição…
povo:
-Eu não tenho dinheiro! Todos os preços estão subindo e o meu salário continua o mesmo.
GOVERNO:
-Você só vai ter vantagens se me der mais grana; o trabalho aumentará e muito mais gente ficará contente.
povo:
-Por falar em trabalho, o teu serviço está uma porcaria. Ninguém entende o que você tenta fazer. Todo mundo reclama!
GOVERNO:
-Todos os trabalhos são demorados, por isso, alguns poucos acham que é ruim. Quando fica pronto, todo mundo gosta. Nada sai da noite para o dia.
povo:
-O que você terminou de serviço que ficou bom?
GOVERNO:
-Bom… Tem aquela do… A outra dooo… Como é mesmo? Os nomes estão na ponta da língua… Bom! Mas, o problema da água, que era o mais importante, foi resolvido.
povo:
-Foi nada! Está pior do que antes! Ficou só na promessa. E o pior de tudo é que esse serviço está sendo cobrado e pago.
GOVERNO:
-É que as chuvas superaram as expectativas! O volume líquido superou em muito as espectativas projetadas pelos nossos cálculos…
povo:
-Mas e a bomba que a gente pagou para instalar? Aquela que vocês disseram que ia segurar um dilúvio maior que o da Bíblia. Não devia estar funcionando?
GOVERNO:
-Veja bem… Não foi bem isso que deixamos claro ao solicitarmos a contribuição naquela época…
povo:
-É mas, é isso que tá escrito naquele papelzinho que vocês deram para todo mundo…
GOVERNO:
-Veja! O passado é o passado! Vamos projetar o futuro! O dinheiro acabou e vou precisar de mais.
povo:
-Mas eu não tenho grana!
GOVERNO:
-É. Mas saiu agora uma nova Lei que obriga você a dar mais dinheiro para mim.
povo:
-E aquela montanha que eu já te paguei? Que foi feito dela?
GOVERNO:
-Esquece isso daí! Eu preciso de mais dinheiro! A Lei está aí e tem de obedecer.
povo:
-Mas foi você e aquele seu bando de paus mandados que instituiu essa porcaria lá no Congresso.
GOVERNO:
-É LEI e tem de obedecer!
povo:
-É palhaçada!
GOVERNO:
-Verdade! Mas é a Lei.
povo:
-Essas Leis que vocês aprovam só prejudicam o povo!
GOVERNO:
-Você nos colocou aqui para zelar pelo Estado e não pelo povo. O povo paga suas contas e se vira.
povo:
-Como é que vou fazer agora?
GOVERNO:
-Pega daquele dinheiro que você deixou de declarar.
povo:
-Aquela grana foi para pagar outras taxas e impostos. É tanta coisa para pagar que não me sobra mais nada.
GOVERNO:
-Os impostos são muitos. Mas, você sabe que ponho uma série de serviços à sua disposição.
povo:
-E eu já disse que estes serviços são bem mal feitos. Do começo ao fim. Raríssimos são os que funcionam ou cumprem com o que prometem.
GOVERNO:
-Exagero de rico. Nunca antes neste país, as camadas mais pobres da população estiveram tão bem atendidas no que tange à Saúde. Nosso serviço hospitalar é o melhor do Universo.
povo:
-E aquelas filas na madrugada para atendimento médico? E as pessoas que morrem nelas? Isso é que é melhor serviço médico do Universo?
GOVERNO:
-É o custo do progresso! Se tivéssemos mais dinheiro, teríamos como manter estes equipamentos em melhor grau de funcionamento. Estamos atolados em dívidas e precisamos da sua grana agora!
povo:
-Mas e o dinheiro que me levaram naquele plano econômico? Não dá para tirar dele?
GOVERNO:
-Ah… Aquele não conta neste caso…
povo:
-E o dinheiro que vocês ficaram me devendo através daquele monte de precatórios? Não dá para descontar dele?
GOVERNO:
-Estes precatórios nós só vamos te pagar num futuro não muito próximo.
povo:
-Mas vocês disseram que eu não ia precisar pagar mais nada…
GOVERNO:
-Desta vez a coisa mudou! Pode confiar! A situação é outra e tudo vai melhorar. Pode dar a grana que você nunca mais terá dores de cabeça.
povo:
-Nem com o trânsito?
GOVERNO:
-Nosso trânsito ficará moderno com essa grana que você vai nos dar e será o mais inacreditável do mundo.
Meio relutante e, sem opções, o povo acaba tirando o dinheiro sabe se lá de onde e dando ao governo. Em seguida, o governo completa dizendo:
-Olha, eu tenho um chegado que é candidato e tá querendo se eleger… Gostaria que você desse uma ajuda! Leve uma camiseta de graça para não esquecer.
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